terça-feira, 4 de março de 2014

Ao que vou não sei, sei que vou!

Saio porta fora e no fundo nunca sei ao que vou, sei apenas que vou. Vou com uma ideia na mente, um propósito no coração e quando chego sinto que tudo mudou.
Quando chego apercebo-me que o que vou trazer é muito mais do que o que levo.
Faço, por vezes, um desvio no meu de caminho, ou apenas percebo que o que parecia não é e ainda bem que não!
  Entrego-me à surpresa que me é reservada e deixo-me ficar sentada no baloiço que gentilmente me convidaram a sentar.
Nisto passa lentamente, ao meu lado, um estranho de voz enrouquecida e que de forma  delicada me convida ouvir as histórias dos seus escritos, numa voz desgastada pelo tempo e que  guarda o cansaço de uma vida trazida de um vai vem de recordações. Desatentamente aceitei o convite e acompanhei-o nas viagens feitas, que contava nas entrelinhas dos desabafos que o fazia acreditar que a idade não é entrave quando se quer muito algo e que a solidão, que por vezes sentia, essa era apenas por opção. Descreve-a com coragem de quem contraria o que no fundo sente e nisto balanço suavemente para trás e para a frente, neste baloiço que me foi dado e deixo-me ficar na descodificação de informação levada ora à razão, ora ao coração. Entre uma e outra tentativa tentava perceber com quem falava, mas acabei por me deixar levar apenas pelas palavras que soltava, no compasso da impaciência pela  chegada do escritor esperado.
Sorrio e percebo que o sentido não estava no propósito inicial, quando fui aquele lugar, mas sim no que esse propósito me estava a conduzir.
Ao propósito inicial percebo que o que lá fui fazer foi muito mais do que aquilo que contava. A ideia que trago é outra, o propósito tornou-se em realização e quando continuo o caminho, percebo que nada é por acaso e que quando saio não sei ao que vou, mas sei que vou!

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