Saio
porta fora e no fundo nunca sei ao que vou, sei apenas que vou. Vou com uma
ideia na mente, um propósito no coração e quando chego sinto que tudo mudou.
Quando
chego apercebo-me que o que vou trazer é muito mais do que o que levo.
Faço,
por vezes, um desvio no meu de caminho, ou apenas percebo que o que parecia não
é e ainda bem que não!
Entrego-me
à surpresa que me é reservada e deixo-me ficar sentada no baloiço que gentilmente
me convidaram a sentar.
Nisto passa
lentamente, ao meu lado, um estranho de voz enrouquecida e que de forma delicada me convida ouvir as histórias dos
seus escritos, numa voz desgastada pelo tempo e que guarda o cansaço de uma vida trazida de um vai
vem de recordações. Desatentamente aceitei o convite e acompanhei-o nas viagens
feitas, que contava nas entrelinhas dos desabafos que o fazia acreditar que a
idade não é entrave quando se quer muito algo e que a solidão, que por vezes
sentia, essa era apenas por opção. Descreve-a com coragem de quem contraria o que no
fundo sente e nisto balanço suavemente para trás e para a frente, neste baloiço
que me foi dado e deixo-me ficar na descodificação de informação levada ora à
razão, ora ao coração. Entre uma e outra tentativa tentava perceber com quem
falava, mas acabei por me deixar levar apenas pelas palavras que soltava, no compasso da
impaciência pela chegada do escritor esperado.
Sorrio e
percebo que o sentido não estava no propósito inicial, quando fui aquele lugar,
mas sim no que esse propósito me estava a conduzir.
Ao
propósito inicial percebo que o que lá fui fazer foi muito mais do que aquilo
que contava. A ideia que trago é outra, o propósito tornou-se em realização e
quando continuo o caminho, percebo que nada é por acaso e que quando saio não
sei ao que vou, mas sei que vou!
Sem comentários:
Enviar um comentário