quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Porque escrevo?



Escrevo mas não sei bem porque escrevo. Faço deslizar a caneta sobre o papel e escrevo para que possa ler o que me vai na alma, para que possa guardar as palavras numa caixa, para que um dia possas compreender porque escrevo. Escrevo porque a voz não sai, porque o tempo não passa, não me devolve o que roubou e nem me dá o que preciso. Escrevo num desabafo da minha alma, escrevo para riscar esta folha em branco…
Escrevo porque sempre o fiz, porque preciso de me encontrar. Não sei bem porque escrevo, mas escrevo…
Escrevo para me situar, para me sentir mais próximo da tua realidade, para encontrar a resposta alguns porquês…escrevo porque não te consigo dizer o que vai cá entro…escrevo para ficar mais forte quando olhar para ti…escrevo para perceber a minha tristeza, para fazer deslizar uma lágrima, para me consolar num sorriso final. Escrevo para voar na imaginação, para ter mais perto o que me faz falta, para deixar o que não quero, para conseguir sentir…
Entre quatro paredes escrevi e escrevo para que um dia tires da caixa e percebas as palavras que faço deslizar sobre o papel, sobre sentimentos que riscam a minha alma e marcam o meu rosto.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Apeteceu-me!


Apeteceu-me respirar um ar diferente, sentir a saudade como a brisa do mar...apeteceu-me estar só...apeteceu-me recordar, chorar, rir...apeteceu-me envolver-me em mim mesma como estas ondas e rebentar no meu imaginário. Apeteceu-me selecionar as coisas boas e juntá-las como os búzios e dizer que valeu apena! Apeteceu-me agradecer por quanta felicidade de uns quantos que me fizeram e fazem feliz...Apeteceu-me entristecer com o passado menos bom...Apeteceu-me ser pequena voltar a ter trancinhas no cabelo e voltar a sentir umas tantas coisas...dizer o que ficou por dizer, fazer o que não consegui fazer e chorar quando tive vontade...apeteceu-me andar às cavalitas do meu pai. Apeteceu-me recordar: o calor de um abraço, a paz de um olhar, alegria de um gesto, a tristeza da saudade, magia da amizade, a piada dos acasos, brincar na areia...apeteceu-me voltar a ir para a escola com o mesmo grupo de amigos e perdermo-nos de brincadeiras pelo caminho...Apeteceu-me encontrar-me..traçar um caminho...não deixar que um "gosto de ti" fique por dizer. Tanta coisa que me apeteceu que nao consigo passar para este papel...Apeteceu-me estar só...apeteceu-me confiar...dar uma oportunidade sobretudo a mim própria...Apeteceu-me ser feliz...melhor fazer feliz ! AINDA BEM QUE ME APETECEU!
Queria apetecer-me dizer a todos quanto conheço o que me apetece, despir a minha alma e colocar o carinho que sinto na palma da mão, para que possam sentir e guardar no sitio mais especial todo este afecto e agradecimento …todo este meu apetecer.

domingo, 15 de julho de 2012

E o relógio parou!

Faz já algum tempo que ao acaso ou talvez não, cruzei-me com aquele olhar que sem querer denunciava o que teimava esconder, a tristeza, aquela com que veste a própria alma.
De cabeça cabisbaixa, de modo a não poder ler o que os olhos tinham escrito, tentava disfarçar a dura luta do dia a dia que a vida lhe colocou.
“Custa muito”, admitiu sem poder fugir mais, com olhar fixo na janela e com uma voz tremida, como quem queria desabafar o que lhe remoía por dentro, mas ao mesmo tempo como quem preferia não falar muito do assunto. Só Deus sabe o quanto lhe custava sairem as palavras, o quanto lhe custava acreditar que aquela era a realidade, a sua realidade.
 O quanto lhe custava aceitar que o relógio corre e ao mesmo tempo ameaça parar de vez, o quanto receia pensar que a viagem pode ser só de ida. Parava, entre as poucas palavras, olhava em redor e tentava perceber se realmente fazia sentido, se seria bem assim. Não há que enganar. Os papéis estão agora invertidos, já não é o miúdo que, acompanhado de um choro mimado, se socorria do colo para aquele abraço bem forte. Agora o pedido do colo inverteu-se e é feito entre silêncios, por aquele que tantas vezes o deu.
Ao longe a estrada que percorre todos os dias sinaliza os limites à condição humana, alerta para a velocidade máxima das emoções, apresenta curvas difíceis, mas que não obrigam a parar, apenas a faze-las com cuidado!
Entre as linhas contínuas e descontínuas são muitas as histórias de esperança e aquela pode ser mais uma. Porque não?
Agora é apenas preciso um amor incondicional, um dia de cada vez no qual a soma torna-se importante, não por ser mais um dia, mas sim um motivo de vitória, de alivio e sinal que o tempo, aquele que ameaça escapar-se por entre os dedos, ainda persiste.
Tinha sido até ao paragráfo anterior que a esperança continuava, ontem o relógio parou...resta agora apenas o amor incondicional e o aperto bem forte que será dificil de aliviar...
O olhar esse ficou ainda mais triste e perdido...as palavras essas agora nem saem...
Ao acaso ou talvez não, o certo é que cada vez mais conheço esta estrada!