terça-feira, 1 de maio de 2018

Faz tempo

Faz tempo que não escrevo. Que não navego na minha imaginação e não me perco no meu eu.
Foram pelos menos uns três anos que não parei o tempo para um bom momento. Que não parei para mim, para ti, para nós.
O computador portátil, onde confessei algumas das minhas habilidades criativas da escrita das quais muitas vezes envolvidas de sentimentos, saudades inquietantes das paixões que me fizeram ferver o sangue  e de muitas outras saudades do que foi ou do que gostaria que tivesse sido, fechou-se e esteve desligado.
Fechei-o quando decidi partir de malas e bagagem.
Levei-o comigo como que um tesouro fechado a sete chaves mas poucas foram as vezes que ousei tocar-lhe.
Limpei-lhe, várias vezes, o pó que ganhava por estar parado e achava que já nao tinha mais em mim a capacidade de lhe confessar o que quer que fosse. O tempo levou-me a coragem e a acreditação de ser capaz de escrever o que quer que fosse nas teclas brancas que outrora se deslizavam quase que automaticas todas as vezes que o ligava.
Esse mesmo tempo passou à velocidade da luz, de forma tão rápida que deixou-me escapar muita coisa por entre os dedos: animais, pessoas, lugares, oportunidades, vivencias...Até que, quando  me apercebi, pressionei com força uns contra os outros antes que o meu próprio eu se fosse também na corrente.
Tentei passar sem a escrita mas não fui eu.
Hoje, depois de várias tentativas, consegui recuperar a coragem de voltar a escrever. De voltar a ser eu e olhar pelo espelho retrovisor de tudo o que ficou lá trás.