sábado, 28 de dezembro de 2013

Amar

Porque hoje foi tempo de parar no tempo e com o tempo  encontrei algo que gosto.

 "Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita".

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Stop!


Tudo quanto serve para contagem do tempo parou. O relógio deixou de ter horas e o calendário dias. Parou tudo no dia que estivemos juntos só para não ter de te ver partir e não ter que pensar nos dias que passaria sozinha, sem poder voltar a sentir um abraço teu, sobretudo nos dias de em que me sentisse mais só, um olhar atento, aquele olhar que como alguém diria “os teus olhos linda menina, pra quem neles souber ler, dizem mais coisas ainda do que tu sabes dizer” e tu sabes muito bem lê-los, um sorriso de quem admira cada gesto meu ao mais infinito pormenor, tal e qual como só e apenas tu o sabes fazer.
Hoje ganho coragem e olho o calendário, ainda não passou o tempo…ainda nem sequer passou o outono e prometeste que voltavas com o calor, lembraste? O tal que te viu partir e todo este frio, esta chuva que bate na janela teima em deixar-me ainda mais só, mais fria, mais longe de ti. Teima em fazer esta cama ainda maior e gelada e cada vez que o relógio desperta...cada vez que desperta a música, a tal que ponho em replay para dar mais uma volta e continuar a sonhar, a ver se o tempo vai passando, penso que ainda não chegou o dia…pois ainda chove, o calendário ainda não mudou, e apenas foi mais um dia.
Desligo e fico a sentir o teu cheiro que ficou no édredon. Abraço-o tal como se fosses tu e fico mais um pouco e nisto o inverno há-de passar rápido.
Parou tudo, quis que parasse, apenas para ficar aquele momento em que tu e eu fomos um.
Hei-de voltar olhar o calendário e sentir a diferença do tempo e o calor…o tal calor!
O calor de quando estás perto!

domingo, 10 de novembro de 2013

Ter de ser



Assim foi. Teve que ser. O bom fundido num mais que bom que depressa se foi, perdi-te!
Momento intenso e que vai durar a passar. Que vai agora ser consumido aos pouquinhos para que dure até voltar a ter-te de novo pertinho de mim. Foram poucos os  dias mas valiosos, bem mais que se fossem muitos mais do que aqueles que pudéssemos ter tido. Mas ainda permanecem. Ficaram tipo eco ao fundo de uma gruta quando gritas, sabes? Perduram e resistem e em vez de se apagarem com o tempo tendem a intensificar e a ficar o desejo por mais e mais. Sabes, eu bem sei que o destino não passa pelas nossas mãos, o que te tiver de ser será, há sins que custam a dizer, há nãos que não saem, há sins que tem de ser e o que virá, virá. Entendemos ao menos que o amanhã é sempre longe demais e o melhor ficará sempre num passado sempre presente.
 
 

sábado, 26 de outubro de 2013

Frágil


 

Bem delicada e quase  que intocável é assim me sinto hoje, não fales, não toques, não digas nada! Não o faças para que não corras o risco de quebrar este vidro fino que me envolve e protege.
Aqui dentro estão as minhas fragilidades que precisam de ser protegidas, deixa o vidro ficar mais resistente com o tempo, deixa que o frio e o calor e estas constantes mudanças de temperatura de forma gradual o tornem mais forte e aí sim ser capaz de resistir a qualquer coisa que me possas dizer, a qualquer toque e a qualquer palavra…hoje…hoje poderá ser arriscado demais  faze-lo!

Apenas porque hoje, mais do que nunca, sinto-me frágil! Demasiado frágil.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Até Amanhã!

Talvez o sol vá nascer amanhã de forma cintilante, como se hoje não tivesse chovido e tudo volte a florir como se não tivesse havido tempestade esta noite. Mas agora deita-te e dorme, deixa que tudo seja o que tiver de ser porque o tempo ditará a sua sentença e só ele o pode fazer, tu sabes bem disso. Deixa que os ventos tragam o que precisares e levem o que já não fizer falta. Deixa a tempestade varrer tudo, segura-te apenas!
Agarra a mão que tens estendida, fecha os olhos e confia no amanhã que te espera.
Deixa-te ficar neste abrigo e quando menos esperares o dia chegará, bem leve e sereno tal como a brisa que te beija em silêncio pela manhã e deixa-te embalar apenas pelo meu cheiro no teu, apenas para que te sintas mais confiante, apenas que tenhas a certeza que desde sempre e até sempre estarei contigo, apesar da tempestade!
E amanhã estarei como se o tempo tivesse corrido em modo ultra rápido, em que ficas confuso de tal rapidez que se reflete quase que num abrir e fechar de olhos e que te transporta no tempo e no espaço.
Estarei, estarás...estaremos, amanhã!

 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

terça-feira, 1 de outubro de 2013

"Enquanto houver céu vemo-nos em qualquer lado"


Hoje será sempre dia de parar e afastar as nuvens para ver melhor a estrelinha que brilha lá no alto. .

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Tu sabes bem o risco que corres!


Estava uma tarde agradável de final de verão daquelas de cheiros únicos e paisagens indescritíveis e bem tímidos, de sorriso nos lábios e mãos dadas  Pedro e Inês passeavam sobre a ponte, aquela mesma que tinha o nome deles “Pedro e Inês”, na linda cidade dos estudantes e de olhar fixo no correr da água, deixaram-se ficar pela simplicidade de um abraço  recordando a tarde que passaram juntos na incerteza que aquele momento algum dia se pudesse repetir, quiseram apenas dar valor ao carpe diem não tocando na palavra adeus nem tampouco em despedida.
  - “Foi pouco o tempo”, disse Inês entristecida por nada poder fazer sobre a impotência do tempo, para fazer prolongar tão bons momentos sobre a companhia de Pedro.
- “Sim Inês, mas foi-o de facto muito bom e se tu o quiseres, o tempo, esse tempo que julgas imenso, o tal que temos pela frente, vai correr como esta àgua que passa neste rio e nós voltaremos cá e neste mesmo sítio voltarei a esperar-te. Tal e qual como hoje e voltarei com o calor, o mesmo que me viu partir e  ao invés de um “até já” dar-te-ei um beijo e levar-te-ei comigo até um tempo e lugar que se chama sempre”, sussurrou-lhe Pedro como que uma proposta.
    Mas tu bem sabes, Inês, o risco que corres ao dares a mão ao Pedro, não sabes?
 
O tempo vai fazer correr forte a corrente do rio, por vezes, bastante forte e no inverno que se aproxima  podes não conseguir segura-la…és frágil e o final de Pedro e Inês é trágico, lembraste da história não lembras? Ou poderá ela agora  ser diferente?  

sábado, 21 de setembro de 2013

Now

" O Tempo não pára! Só as saudades é que  fazem as coisas pararem no Tempo…"
(Mário Quintana )

segunda-feira, 3 de junho de 2013

PaRa Ti Mãe


Está Sol.

Um dia quente e bonito como tu esperavas. Quase que parece as tuas boas vindas já reparaste? As tais que gostava de te ter dado e não sabes bem porquê mas sabes que foi a minha escolha e estou bem, respeitaste-me e sinto-me feliz por isso. Acho que no fundo nunca soube muito bem como te receber e muito menos como te ver partir. Porque no fundo nunca quis ter de pensar nem numa, nem noutra.

Sabes mãe há muito que precisava deste tempo e ainda não tinha tido coragem de o ter feito, como aquele tempo que também nós gostaríamos de ter tido quando reparámos nestes anos que passaram. Como eu cantava vezes sem conta e gostava que música se tornasse realidade, a tal do "oh tempo volta para trás" e não tivesse nunca de ter que te dizer adeus num choro escondido para me mostrar forte e crescida.

Quantas vezes me faltou a coragem para te dizer o quanto te admiro por teres ido para longe para me dares o melhor, o te ter dito o quanto gosto de ti e sinto a tua falta. O quanto gostava de ter breves momentos da tua atenção e do teu carinho. Quantas foram as vezes que a vontade era de te abraçar bem forte e pedir-te por tudo que não me deixasses, que não queria bonecas bonitas como o pai me dava daquelas que falavam e dançavam, de cabelos loiros e vestidos lindos, nem prendas surpreendentes, nem chocolates fantásticos. Preferia eu não ter conhecido a neve que muitos se deliciam, a ter que trocar todos estes anos.

Mas o tempo passou e contra isso não há nada  a fazer.Agradeço-te e reconheço que apesar do tempo e das circunstâncias permanece o importante que é o nosso o amor incondicional e a ele dou e darei o maior valor sempre e para sempre.

Obrigada.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Vambora!


Hoje apeteceu-me….Apeteceu-me escrever-te novamente e ao mesmo tempo,  tal como da última vez que a vontade surgiu dentre um sorriso, seria perfeito  ter a tua pergunta neste meu apetecer, a tal  em que a resposta  está quando nos cruzámos.  Apeteceu-me dizer-te que me fazes bem embora por vezes me tires a paciencia, que me fazes falta embora por vezes te queira longe, que gosto de ti embora prefira não pensar muito no assunto...
Apeteceu-me apenas estarmos eu para ti e tu para mim somente. Apeteceu-me calar este apetecer que talvez mude!
http://www.youtube.com/watch?v=I9eQBg8ykds

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Recomeçar


Faz tempo que não escrevo, tirando uma vez,ainda há pouquinho tempo, que me pediram para o fazer .
No último ano andei a evitá-lo talvez para que as letras que faço correr não me baralharem na altura de ler o escrito por completo, talvez por pensar que assim conseguisse mais facilmente uma procura do meu equilibrio.
Enganei-me. Por  muitas vezes perdi-me em  palavras flutuantes no meu pensamento e um desejo de as escrever ainda que num rascunho qualquer que tivesse à mão só para não perder/perceber o sentido dos momentos, a conclusão, a alegria, a tristeza, a desilusão o tudo e o nada num só sopro.E assim passou um ano que mal escrevi. Que fui evitando como se quisesse matar todos aqueles pensamentos e sentimentos. Foi um ano de renovações, decisões, paciencia e um outro começa ao qual prefiro dar o nome de recomeço. Onde quero tudo do zero, com vontade e coragem de continuar caminho e não olhar mais para trás.
 É um respirar fundo, um recomeçar  porque a vida é só uma!