Tudo quanto serve para contagem do tempo parou. O relógio deixou de ter
horas e o calendário dias. Parou tudo no dia que estivemos juntos só para não
ter de te ver partir e não ter que pensar nos dias que passaria sozinha, sem
poder voltar a sentir um abraço teu, sobretudo nos dias de em que me sentisse
mais só, um olhar atento, aquele olhar que como alguém diria “os teus olhos
linda menina, pra quem neles souber ler, dizem mais coisas ainda do que tu
sabes dizer” e tu sabes muito bem lê-los, um sorriso de quem admira cada gesto meu
ao mais infinito pormenor, tal e qual como só e apenas tu o sabes fazer.
Hoje ganho coragem e olho o calendário, ainda não passou o tempo…ainda nem
sequer passou o outono e prometeste que voltavas com o calor, lembraste? O tal
que te viu partir e todo este frio, esta chuva que bate na janela teima em
deixar-me ainda mais só, mais fria, mais longe de ti. Teima em fazer esta cama
ainda maior e gelada e cada vez que o relógio desperta...cada vez que desperta a
música, a tal que ponho em replay para dar mais uma volta e continuar a sonhar, a
ver se o tempo vai passando, penso que ainda não chegou o dia…pois ainda chove,
o calendário ainda não mudou, e apenas foi mais um dia.
Desligo e fico a sentir o teu cheiro que ficou no édredon. Abraço-o tal
como se fosses tu e fico mais um pouco e nisto o inverno há-de passar rápido.
Parou tudo, quis que parasse, apenas para ficar aquele momento em que tu e
eu fomos um.
Hei-de voltar olhar o calendário e sentir a diferença do tempo e o calor…o tal calor!
Hei-de voltar olhar o calendário e sentir a diferença do tempo e o calor…o tal calor!
O calor de quando estás perto!
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