Este Blogue andou camuflado 10 anos!
Duas mãos cheias de existência e pouco conhecido por muitos.
Hoje acabo por me perguntar porque reprimi tantas coisas que
me davam realmente prazer como a escrita e, muitas das vezes, apenas apareci
aqui nas longas noites de trabalhos universitários que tinha. Apenas para fazer
uma pequena pausa para café e aliviar as vistas do conteúdo académico.
Recordo-me, antes disso, de ir escrevendo também em
rascunhos e guarda-los para que não os lessem. Ainda hoje me surpreendo, por
vezes, ao ir mexendo em livros e os encontrar lá no meio perdidos.
Imaginem que acabei por descobrir uma declaração de amor num
caderno do secundário ( na última página) apenas quando decidi desfazer-me dele
e de outros cadernos há bem poucos anos atrás.
O "tal" chamava-se Miguel. Muito mais não sei,
pois foi assim que ele assinou. Na altura deveria ser óbvio, mas passado algum
tempo já não me recordava quem era. Mas se estas palavras lhe chegarem fica
aqui o pedido de desculpa de nada ter dito em relação ao escrito, mas vi tarde
demais.
E já agora recomendo que, para a próxima, nunca escrevas
coisas bonitas num sitio tão escondido e pouco procurado. Viste o que
aconteceu? Isso mesmo...não aconteceu.
Vendo bem as coisas se calhar fiz o mesmo com este blogue e
com muitos outros escritos. Escondi-o, não o levei a sério, mas no fundo não
significou que o esqueci ou que não era importante. Foi apenas o medo....E, por
isso, aqui estou eu novamente.
Este blogue começou impulsionado pela leitura assídua de um
outro, que pertencia alguém que me cruzei por motivos académicos e, por
conseguinte, outros blogues que acabaram por fazer fervilhar e levar à criação
do meu próprio canto. Canto este onde as teclas do portátil se deslizavam com a
mesma destreza, por exemplo, de uma conversa agradável. Diria mesmo que muito
melhor ainda. Apercebi-me que escrever no meu portátil acompanhada sempre com
uma boa música de fundo, alimentava ainda mais a minha criatividade.
A música a mesma que me fazia intensificar sentimentos ou
alimentar fantasias fez-me assim registar, se lhe quiserem chamar, alguns dos
meus devaneios. Mas, ao mesmo tempo, apesar de gostar da ideia de ter o meu
cantinho, senti-me demasiado despida aos olhares dos que me poderiam ler e pior
ainda dos que me lessem e me conhecessem pessoalmente. Daí nunca ter divulgado
esta página.
Parvoíce,não?
Talvez medo do julgamento menos positivo. O certo é que, tal
como em algumas situações e setores da minha vida, pequei por não me valorizar
e não tentar. Pequei por me esconder apenas por medo, medo de me mostrar, medo
de me envergonhar, de não ser suficientemente capaz ou apenas medo de me
magoar. O medo, o tal que me travou rotas prometedoras e, me fez mais tarde
avançar por achar que as coisas poderiam nunca mudar.
As voltas que a vida dá, não é ?
As poderiam ter sido variadas o certo é que fica aqui a
partilha sincera do nascimento deste canto e, de apesar da idade dele, serem
poucos os que o conhecem, creio que ainda se vai a tempo da partilha do que foi
e mais ainda do que virá. Assim livre de medos e, apesar das partidas que o meu
cérebro me pode causar em termos de escrita, vamos actualizar o que pode ser
agora mais do que nunca um exercício e recuperação mental.
Obrigada por estares desse lado.