domingo, 15 de julho de 2012

E o relógio parou!

Faz já algum tempo que ao acaso ou talvez não, cruzei-me com aquele olhar que sem querer denunciava o que teimava esconder, a tristeza, aquela com que veste a própria alma.
De cabeça cabisbaixa, de modo a não poder ler o que os olhos tinham escrito, tentava disfarçar a dura luta do dia a dia que a vida lhe colocou.
“Custa muito”, admitiu sem poder fugir mais, com olhar fixo na janela e com uma voz tremida, como quem queria desabafar o que lhe remoía por dentro, mas ao mesmo tempo como quem preferia não falar muito do assunto. Só Deus sabe o quanto lhe custava sairem as palavras, o quanto lhe custava acreditar que aquela era a realidade, a sua realidade.
 O quanto lhe custava aceitar que o relógio corre e ao mesmo tempo ameaça parar de vez, o quanto receia pensar que a viagem pode ser só de ida. Parava, entre as poucas palavras, olhava em redor e tentava perceber se realmente fazia sentido, se seria bem assim. Não há que enganar. Os papéis estão agora invertidos, já não é o miúdo que, acompanhado de um choro mimado, se socorria do colo para aquele abraço bem forte. Agora o pedido do colo inverteu-se e é feito entre silêncios, por aquele que tantas vezes o deu.
Ao longe a estrada que percorre todos os dias sinaliza os limites à condição humana, alerta para a velocidade máxima das emoções, apresenta curvas difíceis, mas que não obrigam a parar, apenas a faze-las com cuidado!
Entre as linhas contínuas e descontínuas são muitas as histórias de esperança e aquela pode ser mais uma. Porque não?
Agora é apenas preciso um amor incondicional, um dia de cada vez no qual a soma torna-se importante, não por ser mais um dia, mas sim um motivo de vitória, de alivio e sinal que o tempo, aquele que ameaça escapar-se por entre os dedos, ainda persiste.
Tinha sido até ao paragráfo anterior que a esperança continuava, ontem o relógio parou...resta agora apenas o amor incondicional e o aperto bem forte que será dificil de aliviar...
O olhar esse ficou ainda mais triste e perdido...as palavras essas agora nem saem...
Ao acaso ou talvez não, o certo é que cada vez mais conheço esta estrada!